Sunday, April 16, 2006

A vida faz(ia)-lhe bem...

Francisco Adam é um promissor actor que iniciou carreira como modelo, tendo sido, mais tarde seleccionado no casting para Morangos com Açúcar. Tem 22 anos, é alegre e descontraído e encaixa-se perfeitamente numa das canções da banda sonora da novela. Efectivamente, "a vida faz-lhe bem" e o sonho que tem a realizar é vir a estrear-se no teatro.
Francisco Adam morreu ontem, às 4 da manhã, num cruzamento perto do campo de tiro de Alcochete na sequência de um despiste, para o qual as causas são ainda desconhecidas. Francisco era um promissor actor que não chegou a realizar o sonho de estrear-se no teatro.
Peço desculpa... Peço desculpa se com isto estarei a tornar o blog demasiado monocórdico, mórbido até... Peço desculpa se não falo aqui hoje dos grandes temas da actualidade emitindo opiniões relevantes... Para mim, o tema que foi notícia foi a morte do actor Francisco Adam, o irreverente e despreocupado Dino de Morangos com Açúcar... Fiquei triste, muito triste mesmo... Se o conhecia pessoalmente... Não, nunca o vi ao vivo sequer... Esta é aquela parte em que os leitores do post consideram estar perante uma viciada em novelas... Não, não sou... Gosto de ver algumas, confesso, mas isso não faz com que o meu mundo se centre neste tipo de programa... Por isso, arrisco-me a dizer que não é preciso ser-se uma soapaholic para lamentar a morte do Francisco... Porquê "do Francisco" e não "de Francisco"? Quanto a mim, bastava um episódio da série para perceber isso. Dino era (ou é) uma personagem que cria uma relação de proximidade com o público pela sua alegria de viver, traduzida pela canção "A vida faz-me bem" (Anjos). O mesmo, segundo consta, acontecia com Francisco Adam. A sua morte é uma grande perda. Uma grande perda, antes de mais, para a família... Uma grande perda para os espectadores da novela... E, por fim, uma enorme perda para a televisão e, quem sabe, para o teatro, que viu um promissor actor abandonar a vida antes de tempo...
Prometo que para a próxima escreverei sobre algo mais alegre, que vos faça sorrir. Na verdade, confesso que não há quem lide tão mal com a morte como eu. E esta é uma morte francamente injusta (há tanta gente que não merece nem sequer um segundo de vida, quanto mais uma vida inteira). É nestas alturas que questiono ainda mais a existência de Deus - o que andava ele a fazer enquanto, num mórbido cruzamento, morria Francisco Adam???

8 comments:

Ritinha said...

se calhar tens razão. isso foi um desabafo, as vezes é dificil manter a sanidade enquanto escrevo. ignorem essa parte e que fique a mensagem que espero ter conseguido transmitir.


Beijinhos

Patrícia Sousa Cardoso said...

Tambem eu fiquei muito impressionada com a morte deste jovem e promissor actor...tambem eu (erradamente)pensei "tantas pessoas imprestaveis e mal formadas,que vivem e sobrevivem...
Deixo aqui um dos poemas preferidos de uma pessoa muito importante da minha vida em homenagem a Francisco Adam

FIM (quando eu morrer)

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

(Mário de Sá Carneiro)

Eva Shanti said...

Olá!

Agradeço e retribuo a vista.

Conhecia o Francisco de vista. Passámos as férias de Verão no mesmo local.

As crianças na rua gritavam "Dino" e ele fazia-lhes Adeus.

Não somos ninguém para decidir nem da vida nem da morte.

Bjs

joão said...

Ritinha,

antes de mais obrigado pela visita.

E mais. Isto não é um elogio: gosto de te ler. Sei que tens talvez a idade da minha filha, a quem soprei para que voasse nos seus 18 anos.

Tu escreves sobre a morte do francisco adam, eu sobre ilhas, outros sobre o mar que se vê de qualquer lado onde estejamos. cada um de nós tem uma história para contar, e isso é uma benesse, um dom.

trocar histórias, ouvir histórias é um privilégio.

já percebi que gostas de escrever.
não sei se gostas de ler. tenta alimentar esse dom.

se puder, aconselho-te "cartas a um jovem escritor" do vargas llosa, um pequeno livro que pode deixar algumas portas abertas...


e continua a escrever, principalmente.

Ritinha said...

obrigada a todos pelos comentários:

zibl, obrigada pela chamada de atenção (acho que me excedi nessa frase)

patrícia, é bom ler o comentário de alguém que partilha connosco sentimentos e pensamentos

eva, obrigada por teres retribuído a visita que fiz ao teu blog. é sempre bom ter um novo visitante

joão, ia agradecer-te o elogio mas, como disseste que não é um elogio, fico sem saber o que dizer.de facto, gosto muito de escrever e de ler também.assim sendo, vou ler o livro que me aconselhaste assim que puder


Beijinhos a todos

Quimera said...

Olá Ritinha :)
Embora concordemos em muito com o que escreveste, não podemos deixar de acrescentar um ponto.
Não achas mal que numa semana (de Páscoa) em que mais gente perdeu a vida nas (más) estradas nacionais, não se preste também uma homenagem a esses? É claro que o Dino era uma figura pública, mas não é mais que eu, que tu..e sobretudo não é mais que os outros que infelizmente faleceram em acidentes de viação esta semana. Não achas que há um claro aproveitamento por parte da comunicação social em explorar a imagem do "Dinoman" ao máximo? Achamos isso muito triste..
Beijinho

Ritinha said...

claro que concordo em absoluto contigo "quebracostas". está bastante claro que a comunicação se tem aproveitado ao máximo desta situação. e é obvio q todos os q perderam a vida nas nossas estradas são dignos de homenagem mas centrei me neste post no francisco adam, o que não invalida que escreva outros que abordem o assunto de uma forma + geral

Beijinhos a todos

bonifaceo said...

Também concordo 100% com o quebra-costas. Só tenho pena pelo facto da idade que ele tinha, era muito novo.
Beijo ritinha.